sábado, 25 de fevereiro de 2012

Orar ou beijar?

Postado por Suellen (Menina aos olhos do Pai) às 13:11:00
 
As coisas espontâneas são sempre mais gostosas, elas dão um sabor diferente à vida. E em se tratando das coisas do coração, mais ainda.

A gente nunca espera que vá encontrar de repente, da forma mais inusitada, num evento qualquer, aquela pessoa que vai deixar nossos instintos mais aguçados, nosso corpo acelerado e a mente admiravelmente vívida a fim de nos proporcionar a aproximação até esse alguém.

Nas coisas do amor , é sempre melhor quando acontece assim. Jacó encontrou a Raquel enquanto esta tirava água de um poço. Não se conteve, beijou-a. Imprevisível, oportunista como só ele sabia ser, não se furtou em demonstrar desde o início seu afeto por aquela que foi seu amor maior durante toda a vida.

Contudo, nem sempre é assim. A espontaneidade vez e outra é aviltada por acordos e formalidades. Foi assim quando dos casamentos arranjados. Verdadeiras prisões para aqueles que não se amavam. Ou mil vezes pior: amavam outro alguém!

A formalidade adentrou mesmo nas igrejas cristãs! Não sei onde surgiu tal pensamento, mas em algum lugar alguém teve a “bendita” idéia de que haveria de se orar antes de começar a namorar . Fazia-se necessário saber a vontade de Deus. Não poderíamos correr o risco de nos relacionar com alguém não escolhido para nós. Uma espécie de predestinação amorosa...

Eu mesmo cheguei a comprar essa idéia, infelizmente. Tanto que durante um tempão da minha adolescência e juventude fui um tosco paquerador. Essa história fez muita gente desaprender a namorar. A oração se tornou xaveco malfadado de crente.

E desse jeito, não há espaço pra conquista, para a sedução e para a doce poesia exalada dos poros dos amantes. O bom e velho jogo da conquista cedeu vez para uma “espiritualização” da vida afetiva dos jovens.

Orar a Deus diante das nossas escolhas, falar com ele sobre nossos passos, pedir que nos direcione, tudo isso é muito bom e eu também quero sempre agir assim. O grande problema era a forma preestabelecida para que Deus mostrasse seu querer.

O mais complicado disso é a atmosfera de censura diante dos namoros que não percorressem a via imposta pelos líderes. Namorar sem seguir esses passos era quase o mesmo que estar em pecado.

Supostamente, se Deus tem alguém destinado exclusivamente para a gente, de certo ele vai preparar tudo a fim de que não erremos a pessoa, e caiamos logo nos braços de nosso amor sem interferência alguma. E é muito importante se preocupar com os “laços do inimigo” – isto é, pessoas que o diabo coloca em nossas vidas para nos desviar dos planos divinos.

Com isso, a “neura” atingiu a galera. Quem leva a sério aquilo que diz crer, devido à falta de entendimento sobre o assunto, vai cumprir direitinho o que lhe é ensinado. E se não cumpre, imputa a si mesmo as penas psíquicas merecidas pela transgressão.

Comportamento doentio, envolvimento amoroso sem beleza, dificuldade de se relacionar, isso e muito mais tem marcado alguns homens e mulheres evangélicos.

Na minha vivência em comunidades cristãs desde a infância, detectei algo que tenho chamado de síndrome da menina ou do menino crente.

E com a mulher é bem mais grave. Sofrendo desta síndrome, na espera do príncipe encantado e cristão, portador de um estereótipo irrepreensível, quase que sobre-humano, isento de pecados e, ainda por cima, tendo que ser de sua denominação, as jovens mais rigorosas acabam por ficar escanteadas nas suas comunidades de fé e na vida em geral.

São aquelas que a gente chama de “as solteironas” das igrejas. Geralmente mulheres um tanto já amarguradas, de difícil trato, já algum tempo dadas às fofocas (nem todas, mas muitas, visto que a vida dos outros possui mais emoção que a delas), de quadro progressivamente agravado devido à proximidade da casa dos trinta anos.

Qualquer mulher não-neurotizada pela religião, engajada em sua vida profissional, certa de sua beleza e simpatia, tranquila quanto a si mesma, não viveria os dramas encontrados entre as jovens das igrejas. Isso porque elas se permitem ser cantadas, se permitem relacionar, acreditam que devem dar a si mesmas a chance de ir em busca da felicidade.

Com os homens a gravidade talvez esteja em outros aspectos. A porcentagem de jovens evangélicos envolvidos com algum tipo de pornografia é enorme. Qualquer pesquisa honesta realizada nas igrejas revelará o grau de envolvimento e recorrência a esse tipo de escape psíquico-emocional.

Mal compreendedores de sua sexualidade e do que é um relacionamento amoroso saudável, os meninos acabam por se “guardar”, restringindo seu envolvimento, e muitas vezes – à semelhança das jovens – tendo expectativas ilusórias acerca da “prometida”, eles acabam por lançar mão daquilo que tem em maior abundância na internet: a perversão encontrada no sexo fácil e virtual.

A espera é longa e o que se espera pode bem ser uma miragem, não um oásis. Daí nunca encontrarem a pessoa ideal.

E tudo isso porque a sexualidade quase sempre foi um problema para o cristão. Desde a Igreja Católica aos atuais evangélicos, o sexo é tratado como tabu, o prazer como pecado; e com isso, a espontaneidade como tentação.

O que durante muito tempo trouxe um falso alívio aos católicos foi a ausência do sexo nas mensagens dos sacerdotes e o espírito do “não-praticantismo” muito frequente entre os que se denominavam católicos. Isso tem acabado com o crescimento dos movimentos de renovação e ressurgimentos de padres mais atualizados que têm produzido um movimento paralelo ao pentecostalismo evangélico.

Seria bom que os jovens cristãos continuassem a orar para namorar, mas que já cheguem diante da pessoa amada “orados”. Que falem com Deus desde o primeiro momento em que mirarem o alvo de seu afeto. E acreditando na inteligência, bom senso e prudência dispensados por Deus.

Confiando ser aquela pessoa alguém de valor, que partam pra cima!

Não adianta espiritualizar as coisas. Tudo já é espiritual para quem abriu seus olhos e percebeu que o mundo em que vivemos está intimamente ligado às dimensões espirituais. De forma que comer, beber, beijar e fazer amor é tão espiritual quanto orar, meditar e fazer caridade.


Por Humberto Ramos
Blog Visão Integral

2 comentários:

Meiry Mel disse...

Concordo em gênero numero e grau, e ainda penso também q nada haver coar um mosquito e engolir camelos, ou seja, coam beijos e deixa pra lá o q andam engolindo por aí.
Deus conhece o coração do homem e sabe quais são suas intenções...Ke Ele possa sempre estar presente em nossas vidas dando sabedoria em todo tempo...bjos

Rebeca Mello disse...

Concordo tb! Como foi dito já temos que chegar na pessoa "orados" e não usar a oração para paquerar...

Flor, será que vc poderia atualizar o link do meu blog ali nos que vc recomenda rs, é que eu mudei o nome para Blog da REBECA MELLO* e ainda ta aparecendo o nome antigo, bjinhus!

rebeca-mello.blogspot.com

 

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